Quem tem envolvimento, interesse, trabalho nas áreas de saúde, educação, sabe que tratar de prevenção é uma necessidade e um desafio. Prevenção é chegar antes e isto exige mudança de atitude, de comportamento, conscientização, decisão. O desafio é levar o indivíduo, um grupo, a perceber os ganhos, o custo-benefício de sua mudança de hábito, de comportamento, abandonar velhos hábitos e adotar novos.
PREVENÇÃO, porém, ainda é a maior esperança. Vejamos por exemplo os índices de acidentes de trânsito, envolvendo carros e motos. O álcool tem se referenciado na cultura jovem como algo obrigatório, associado a crença de que não há diversão sem ele, que ele quebra as barreiras para a aproximação, sexo, conquista. O jovem que vai para a balada não consegue alcançar que por trás desta crença há o perigo de que a mistura, álcool e diversão, oferece riscos que podem ser fatais, quando associado à direção ou moto. Os acidentes de moto em particular tem crescido assustadoramente, resultando em óbitos.
Segundo o Ministério da Saúde os atropelamentos ainda são a principal causa de mortes no trânsito. Dados do ministério revelam que, em 2005, houve 2.284 mortes de jovens entre 15 e 24 anos por acidentes com motos (JN 19/09/2007).
A mortalidade de motociclistas aumentou de mais de 500% entre 1988 e 2008, enquanto a frota de motocicletas cresceu 370% (Vias Seguras).
A prevenção precisa ser focada em públicos específicos. As estratégias, os meios e métodos devem considerar os interesses, ambiente, cultura, particularidades para que ultrapassem o limite da informação e se incorporem às práticas cotidianas. Estratégias que reduzam os acidentes de trânsito ocasionados por ingestão e abuso de álcool, ou outras drogas, poderiam ser inseridas nas escolas com um programa de
prevenção de traumatismo raquimedular (lesão de causa externa na coluna vertebral) acompanhado de intensa campanha nos períodos de verão e férias escolares, com a participação de equipe multidisciplinar do hospital de referência da cidade, envolvendo Tabala 2.1. hlurnaro de dhitns em achjentes de trénsitu pnr categnria. ‘-Jalnres Regiairadus.
neurocirurgiões, psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais, equipe de resgate do SAMU, associação de deficientes Físicos, DETRAN, entre outros.
A lesão da medula espinhal (LME) ocorre em cerca de 15 a 20% das fratura da coluna vertebral e a incidência desse tipo de lesão apresenta variações nos diferentes países. Estima-se que, na Alemanha ocorram anualmente dezessete (17) casos novos por milhão de habitantes, nos EUA, essa cifra varia de trinta e dois (32) a cinqüenta e dois (52) casos novos anuais por milhão de habitantes e, no Brasil, cerca de quarenta (40) casos novos anuais por milhão de habitantes, perfazendo um total de seis a oito (06 a 08) mil casos por ano, cujo custo aproximado é de U$ 300.000.000,00 por ano (1,2). A lesão ocorre, preferencialmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa etária entre 15 a 40 anos. Acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo têm sido as principais causas de traumatismo raquimedular (TRM)). Helton L. A. Delfino, 1999.
Os programas ancorados em estratégias tradicionais já não respondem as necessidades dos dias de hoje. Não basta informar. Precisamos de transformações no ambiente político social e isto leva tempo. As palestras já não são suficientes, devese sim fazer parte de um menu diversificado nas práticas preventivas, mas assim como campanhas são pontuais, necessita-se de ações sistemáticas que formem novos hábitos e comportamentos.
Hoje testemunhei um fato animador, dirigindo em uma via movimentada, na faixa de pedestre um adulto com uma criança de uns 3 ou 4 anos, aguardava para passar e antes mesmo que o adulto levantasse a mão, a criança levantou primeiro. É por aqui que vejo a saída: educar o quantos antes para que as novas gerações sejam geradoras de novos hábitos praticados em seu dia a dia.
Maria Rizonete Gomes
Psicóloga Especialista em Dependência Química