A vereadora Eliza Virgínia (PSDB) realizou, na manhã desta quinta-feira (20) no Plenário da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), audiência pública sobre o “enfrentamento ao consumo de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes e a modificação legislativa por meio de iniciativa popular”
Eliza apresentou, através de vídeos, sua justificativa, que teve como base a luta em favor da vida e contra a disseminação das bebidas alcoólicas na vida da juventude brasileira. “Há um tempo me preocupava com ‘como e por que’ se vende um produto que mata, e que sempre é vendido através de certo ‘glamour’, para dar a impressão de que se é ‘descolado’, para se enturmar. No entanto, sabemos que o álcool é o principal elemento da violência doméstica, no trânsito e entre amigos”, alertou a vereadora.
A vereadora divulgou alguns números, como a pesquisa realizada com mil adolescentes, que constatou que 90% deles conseguem comprar bebidas alcoólicas em todo o país; que 6% das bebidas alcoólicas consumidas no Brasil são por jovens entre 12 e 18 anos; e que, das 60 mil mortes ocorridas no trânsito, a grande maioria é devida à ingestão de alguma bebida alcoólica.
A audiência pública contou com a presença do Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagoto; do pastor Estevam Fernandes, da Primeira Igreja Batista; da representante da Secretaria de Desenvolvimento Humano, Carmem Lúcia; a diretora do Centro de Atividades Especiais, Helena Holanda; pastor Diógenes, da Assembleia de Deus de Tambaú; os vereadores Tavinho Santos (PTB), Sérgio da SAC (PSL) e Bruno Farias (PPS); e o vereador eleito Santino (PT do B); além de familiares de vítimas de acidentes de trânsito de grande repercussão na cidade, Nina Ramalho (Família Ramalho) e Carol Lopes (filha da procuradora Fátima Lopes).
Dom Aldo Pagoto fez uma reflexão sobre a droga ser uma fuga que serpenteia entre a sensação nervosa de bem estar e a tentativa de ser um lenitivo dos problemas sociais, que se fortalece na falta de limites e na tendência ao excesso. Ele enfatizou que a mistura de bebida alcoólica com direção não dá certo, e cobrou “mais punições severas e multas salgadas”.
Por sua vez, o pastor Estevam pediu um minuto de silêncio pelas vítimas do álcool, e garantiu a adesão da Associação dos Pastores Paraibanos à campanha da vereadora, que pretende recolher assinaturas para coibir a venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes.
O vereador Sérgio da SAC lembrou que o alcoolismo é uma doença incurável, que merece a atenção da sociedade. Ele ainda firmou: “ninguém vai conseguir combater o álcool porque esta é uma industria muito poderosa. As campanhas institucionais são muito fracas, elas precisam ser mais parecidas com as do tabaco (cigarro)”.
Já o vereador Bruno falou que o álcool e a direção formam uma mistura explosiva, mas aproveitou para lembrar da “Lei Seca”, da severidade no tratamento do assunto e da fiscalização que tem sido efetivada em João Pessoa com diversas blitzes. “Mas, esse conjunto de ações não terá efeito se na prática as campanhas educativas não embasá-las. As campanhas publicitárias das bebidas alcoólicas são das mais atrozes, porque apostam na juventude, sempre com apelo para a sensualidade, como não se vê em nenhum outro país”, afirmou.
Nina Ramalho e Carol Lopes lembraram o sofrimento de suas famílias, e falaram sobre a transformação da dor em luta pela justiça, para que outra famílias não passem o mesmo que elas. Kátia Costa falou do projeto “Amigos da Vida”, que consiste em orientações e distribuição de panfletos e “pulseiras para os jovens que curtem a noite e se dispõem a ficar sem beber para levar toda a turma de volta para casa”. Ela ainda rebateu críticas que ouviu sobre o projeto que afirmavam que os que ficavam sem beber eram manes: “quem preserva a vida nunca poderá ser considerado um mané”. Já Carmem Lúcia garantiu que a Secretaria está pronta para disseminar a prática da valorização da vida.
Damião Rodrigues
Publicado em: 21/12/2012 às 07h59